Quando o profissional de saúde faz seu solene juramento no dia de sua formatura, ele precisa ter clareza de que sua profissão permite que você escolha cuidar de pessoas, mas não lhe dá o direito de segregá-las no atendimento.
Saúde para todos
Assim como no juramento solene, a Constituição Federal de 1988 recorda também que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado (Art.196). Posto isso, o todos não se mostra de forma seletiva, antes ele busca cada vez mais critérios que sejam equânimes na forma de exercer o cuidado assistencial.
Então por quê?
Por que é tão difícil promover uma saúde cada vez mais inclusiva? Por que é tão importante e necessário rever diuturnamente nossos conceitos sobre determinados grupos de pessoas que precisam do acesso à saúde sem que isso fira sua dignidade? Por que se precisa falar com tanta veemência de determinadas populações?
Vamos lá...
Direcionarei esta fala a um grupo específico de pessoas, sem que isso exclua as demais. Quando se fala no mês da visibilidade trans e agrega a isso o cenário da saúde, muitas pessoas vão dizer: “essas pessoas já foram tratadas”, “essas pessoas podem vir que a gente sempre atendeu”. Vocês sabem completar bem essas frases...
Não é sobre atender
Não é sobre atender, é sobre como atender, essas pessoas querem ser vistas, atendidas e acolhidas com humanidade, dignidade e respeito. Não é aceitável que quem opta por cuidar da vida escalone as pessoas pela cor, raça, gênero, condição social ou outras coisas mais... Repito o que eu já falei em outro momento: fazemos opção por cuidar de pessoas.
Já parou para pensar...
As pessoas que procuram os serviços de saúde não estão ali por hobby ou porque é legal, elas vão por uma necessidade básica, porque algo em si não está bem, há um desconforto. Portanto, não é agradável nem humano que quem optou por cuidar de pessoas se desencaixe dessa realidade.
Interdependência
Voltarei neste subtítulo novamente. Precisamos reconhecer que somos seres interdependentes, somos feitos para nos relacionarmos conosco mesmos, com os outros e com Deus. Seria muito bom se fizéssemos um caminho de acolhida para as realidades que nos cercam para além de dualizá-la entre bom e ruim, certo e errado.
Por fim...
O mês da visibilidade trans não é para ofuscar as outras necessidades sociais e de saúde existentes, antes ele é um apelo para a acolhida, o respeito e a dignidade tão caras à sociedade, quiçá a humanidade.